Salar de Uyuni – Dia 3

Era o último dia pelo tour no salar, que incluiu muito mais do que só o deserto de sal. Edson, o guia, nos avisou na noite anterior que acordaríamos cedo, às 4h da manhã. Ele enfatizou isso mais de uma vez.

Eu havia separado a minha roupa na noite anterior, para não ter que acordar tão cedo. Mas, quando estou fora de casa, o meu relógio biológico dá uma alterada e eu sempre acordo cedo, querendo ou não. Levantei antes de todo mundo, o que foi bom, porque o banheiro não estava lotado! Poucos minutos depois, já havia fila. Todos os grupos sairiam praticamente juntos.

Edson já estava preocupado, algumas pessoas do nosso grupo ainda estavam dormindo. “Não podemos nos atrasar”, repetia ele.

Depois do café, o nosso guia já estava acomodando as bagagens e testando o carro, para que não houvesse nenhuma surpresa pelo caminho. Estava muito frio fora do alojamento. Com o vento gelado no rosto, só conseguia pensar no quanto àquela sensação era boa. Fiquei feliz por ter levado uma blusa térmica para inverno, estava só com ela e foi o suficiente; assim como um par de luvas que comprei em Uyuni por $5 bolivianos (R$3)!

Ainda estava bem escuro, quando Renée, a australiana, me disse:

Look at this sky!

Olhei para cima e vi um céu totalmente estrelado. Outro como aquele só veria em San Pedro do Atacama, na noite seguinte.  Era maravilhoso! Estava limpo, escuro e todo pontilhado. Nunca tinha visto nada igual. Pensei em tirar uma foto, mas como já estávamos saindo, preferi guardar aquela imagem na minha memória.

Deixamos o alojamento e partimos para o Gêiser Sol de Mañana. Edson nos avisou que naquele dia chegaríamos a quase cinco mil metros acima do nível do mar. Como já havia tomado o remedinho, estava mais tranquila. Chegamos ao gêiser e o sol já estava despontando entre as montanhas. Mais uma cena linda. Parecia que havia chegado a Marte. O terreno irregular, com muitos buracos e tons de vermelho dão ao lugar uma paisagem sem igual.

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A área fica dentro da Reserva nacional, e tem uma atividade vulcânica intensa. A pressa do nosso guia foi explicada, pois, só é possível ver as fumaças saindo dos buracos no chão, nas primeiras horas da manhã. A fumaça expelida tem o cheiro bem forte de enxofre, mas é suportável. Ficamos ali um bom tempo. Só olhando enquanto alguns se arriscavam a ficar bem perto das crateras; mesmo com o aviso de segurança.

Partimos para as águas termais. Ainda estava frio e poder entrar em uma piscina de águas naturalmente quentes seria um alento. Quando chegamos, o guia nos avisou que o tempo máximo dentro da piscina era de 15 minutos. Todo mundo achou pouco e na indecisão de entrar ou não, resolvi ficar do lado de fora.

O tempo máximo de permanência fazia todo sentido, mesmo as pessoas não gostando. A falta de costume, a altitude, e o choque de temperaturas podem alterar a pressão sanguínea, sem falar no choque térmico. Muitos turistas e muitos outros grupos estavam no local. Eu estava na beira da piscina, quando um menino – brasileiro – saiu, e desmaiou por uns dez segundos. Não havia equipe de primeiros socorros e nós que estávamos ali, o ajudamos conforme podíamos. Ele estava acompanhado por outras duas meninas, que também o auxiliaram. A sorte é que no grupo deles havia uma enfermeira, que o auxiliou na maior parte do tempo. Depois disso, o pessoal entendeu que ficar apenas 15 minutos era questão de segurança.

GEISERES_Kessia Santos

O dia já estava claro e a temperatura subindo. Saímos da piscina natural para a Laguna Verde. No caminho passamos pelo deserto de Dali, com as montanhas com riscos tão perfeitos que parecem que foram pintados à mão. Chegamos à Laguna e confesso que foi meio decepcionante. O lugar é muito bonito, cercado de montanhas, mas ela nem estava verde.

Ficamos um pouco de tempo ali, até Edson perceber que o guia do outro grupo que estava conosco já havia seguido em frente. Saímos e ele avisou que nós – os brasileiros – ficaríamos no posto de imigração, e faríamos a transferência para o Chile; o restante do grupo voltaria para Uyuni.

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Não demorou muito até chegarmos ao posto de imigração. Entramos na fila e eu conferi umas três vezes se não havia perdido o papel de entrada que recebi no aeroporto. É importante guardar esse documento, mesmo você esteja viajando com o passaporte. Encontramos os brasileiros do outro grupo, eles também estavam indo para o Chile; iríamos todos juntos no mesmo transfer.

Saída da Bolívia feita, voltamos para onde estavam os carros da agência. Deveríamos esperar ali, até a chegada do ônibus que nos levaria até San Pedro de Atacama.

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Não gosto de despedidas, e mesmo passando apenas três dias juntos, falei tchau ao pessoal com um nó na garganta. Após abraços e contatos trocados, eles seguiram viagem.

Mais alguns minutos depois, o ônibus chegou e embarcamos. Brasileirada em peso, que se espalharia pelo Chile depois de chegar a San Pedro. Matamos todo tempo conversando sobre os perrengues e os planos de viagem dali pra frente.

Saímos da Bolívia e a estrada mudou. Asfalto, mais sinalização e muitas paisagens bonitas. Estávamos chegando ao deserto mais seco do mundo. Pouco mais de uma hora, paramos na imigração chilena; essa foi a mais demorada. Passaporte carimbado, entrada permitida. Chile, aí vamos nós!

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*Texto e Fotos – todos os direitos reservados – No meio do caminho blog.

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